
Em 1961, Leo H. Sternbach ao tentar encontrar algum medicamento com ações miorrelaxantes e ansiolíticas, decidiu basear seus estudos em uma “intuição química” e resolveu testar a ação neurológica de estruturas benzodiazepínicas (estruturas estas que o próprio Sternbach já havia trabalhado anos antes na procura por novos corantes). O mais interessante é que, para fazer uma pesquisa no SNC (sistema nervoso central) nas décadas de 1950 e 1960, a “intuição química” ou simplesmente a “sorte” estavam muito envolvidas. Gringauz, em seu livro de Química Medicinal, compara a procura de novas drogas com ação cerebrais benéficas durante as referidas décadas à procura da “fonte da juventude”. Esta comparação se deve aos escassos conhecimentos sobre o cérebro que existiam naquele tempo1.
Apesar do nome “benzodiazepínicos” estar relacionado apenas a dois aneis (A e B das figuras 1 e 2), a maioria dos benzodiazepínicos com ação farmacológica possuem, além dos anéis A e B, um radical fenil (anel C), além de mais uma ramificação iniciada por uma dupla ligação no anel A, em sua estrutura principal (como mostra a figura 2)1.
No que diz respeito às funções farmacodinâmicas, os benzodiazepínicos são moduladores de receptores Gabaérgicos, cuja ação torna o neurônio menos despolarizado, e assim, torna a transmissão pós-sináptica menos intensa. Assista a animação abaixo para maiores informações sobre transmissão de impulsos nervosos em neurônios e sobre o efeito dos benzodiazepínicos.2
Usados como sedativos e hipinóticos, relaxantes musculares, ansiolíticos e anticonvulsivantes1a, podem ser classificados de acordo com o período de latência, ou ainda a velocidade que eles demoram para atuar. Sendo assim, são 4 as principais classificações quanto à velocidade de ação: a) de ação muito curta; b) de ação curta; c)intermediária; d) longa. É claro que lipofilicidade, o grau de afinidade das substancias pelos receptores benzodiazepínicos e alterações metabólicas interferem na ação destes fármacos, mas esta classificação ajuda na escolha do uso clínico, além de ajudar a identificar a capacidade destes fármacos se tornarem “drogas de abuso”3. Na figura 3 estão a estrutura de três importantes benzodiazepínicos.
1a) GRINGAUZ, A. Introduction to Medicinal Chemistry: How Drugs act and why. Nova York. Willey. 1997. p. 578-584. b) http://en.wikipedia.org/wiki/Benzodiazepine acessado em 25/01/2011
2SILVA, Cláudio Jerônimo da; GARBE, Gisele Grinevicius. http://www.virtual.epm.br/material/depquim/ 7flash.htm Acessado em 25/01/2011
3Nastasy H, Ribeiro M; Marques ACPR http://www.viverbem.fmb.unesp.br/consenso.asp Acessado em 25/11/2010.